Muita gente recorria ao seu oráculo, levando para os rituais galinhas, patos, pombos e todo tipo de boas comidas e bebidas.
As adivinhas comiam tudo, se empanturravam.
Às vezes convidavam Xangô, Ogum e Oxóssi para acompanhá-las nas lautas refeições. Para Eleguá ofereciam só os ossos.
Eleguá andava insatisfeito com a situação.
Um dia, um rato entrou na casa das santeiras. Eleguá (Exú) caçou o rato e o comia aos pouquinhos. Eleguá comia o rato pouco a pouco na porta da rua, enojando a freguesia que adentrava a casa.
E assim toda a clientela foi afugentada, com asco do que via na entrada. Ninguém mais procurava as adivinhas, que não tinham mais o que comer, padecendo de uma fome desesperadora.
Um dia Oxóssi veio à casa delas e as ouviu chorar suas lamúrias. Soube que sempre davam a Eleguá os restos da comida e espantou-se com tamanho absurdo. Afinal, Eleguá era o dono da porta, por onde entrava toda a riqueza da casa.
Oxóssi procurou Eleguá e lhe disse que, se a clientela voltasse a consultar as deusas, ele comeria bem, nunca mais os ossos. A porta da casa mostraria a fartura da cozinha. Rapidamente a clientela dos búzios retornou a casa e desde então Eleguá passou a receber muitas oferendas.
E a casa de Oxum, Iemanjá e Obatalá tornou-se novamente e para sempre próspera.